William é um jogador
de voleibol que teve sucesso como jogador universitário e agora está iniciando
um novo capítulo como jogador profissional em um clube europeu. Ele leu meu a
postagem do meu blog sobre Simon, um jogador de basquete que também estava
iniciando sua carreira como profissional. Com sua carreira prestes a iniciar,
William entrou em contato comigo.
Isso é o que ele tinha
a dizer:
Acho que estou em uma
situação similar ao Simon. *** Desde que cheguei aqui eu tenho cada vez menos
confiança no meu ataque, e é algo que venho tendo dificuldades a cada treino.
Por exemplo, toda vez que recebo um levantamento tenho não tenho certeza se vou
conseguir colocar a bola no chão do outro lado da rede. Eu me encontro
cometendo mais erros, atacando a bola na rade ou metros pra fora da quadra.
É um sentimento muito
estranho que tenho logo que salto para atacar a bola. Milhões de coisas passam
pela minha cabeça de uma vez só, e quanto mais ataques erro durante um treino
ou uma partida, menos confiante vou ficando, até me enterrar em um buraco tão
fundo que cometo erro atrás de erro. Já li muitos artigos sobre ser mentalmente
forte, mas sempre sinto que são inúteis nos momentos antes de fazer o ataque.
Você disse que milhões
de coisas passam pela sua cabeça. Pode descrever uma ou duas dessas coisas?
Eu digo a mim mesmo
para fazer contato com a bola lá no alto, atacar pro fundo da quadra, olhar
aonde está o bloqueio, tentar achar buracos na quadra e ataca-los, só colocar a
bola em jogo, ser agressivo e atacar com tudo, não cometer erros.
Esses são boas
auto-instruções. Mas para você isso se torna um problema.
Existem muitas coisas
importantes que um atacante precisa praticar para ser efetivo. Entretanto,
todas essas coisas parecem ser uma distração até esse ponto.
Quando olho pra trás e
lembro dos meus primeiros dias como jogador universitário, mas não lembro que
pensava nessas coisas. Eu apenas jogava e tinha sucesso, agora só me preocupo
com esses fatores. Acho que estou com medo de falhar e ser substituído do jogo.
Eu digo a mim mesmo e aos outros que não estou preocupado, mas talvez agora
esse seja o caso.
Que coisas são
diferentes agora que podem estar causando esta situação?
Agora que estou
jogando em um nível mais alto eu me ponho mais pressão. E posso estar tentando
ganhar a aprovação dos meus novos companheiros de time e treinadores por jogar
bem na minha posição.
Você não se colocava
pressão quando jogava voleibol universitário?
Esse é o negócio. Eu
com certeza colocava. Na verdade eu deveria colocar menos pressão agora. Na
universidade eu tinha meus melhores amigos, minha namorada e minha família
assistindo meus jogos. Agora que estou na europa nenhum deles está aqui e nem
sabem como estou além do que conto a eles. Talvez eu me divertia mais
antigamente e não me preocupava quando errava. Ou talvez eu não me sentia tão
julgado.
Diferentemente do seu
time universitário, seus novos companheiros de time não são caras que você
conhece bem, e isso pode ser levado em conta como parte dessa pressão. Talvez
você sinta uma necessidade maior da aprovação dos novos companheiros se
comparado aos seus antigos companheiros de voleibol universitário, com os quais
já tinhas formado um relacionamento forte.
Sim, tenho certeza de
que isso é grande parte do que está acontecendo.
Me conte, o que te lhe
mantinha calmo quando você cometia erros na liga universitária?
Tinha treinadores que
me apoiavam e não se preocupavam tanto com meus erros, desde que esses fossem
erros por ser agressivo demais, eles sentiam que sabíamos como os
corrigir. Alguns dos meus companheiros era também meus melhores amigos.
Eu sabia que independentemente dos tipos de erros que eu cometia eles estariam
lá para me apoiar.
O que sobressai dos
seus comentários é um forte medo de de cometer erros.
Sim, e com isso tão
proeminente em minha mente, meu foco no momento, e confiança em mim mesmo, são
bem limitados. Penso que estou realmente com medo de perder minha posição de
titular devido aos erros que cometo. Acho que é o centro disso tudo.
Exatamente. Mais cedo
você disse que quando se sentiu inundado com pensamentos durante partidas você
dizia a si mesmo para fazer contato com a bola o mais alto possível, atacar
para o fundo, olhar aonde o bloqueio está, encontrar buracos, manter a bola em
jogo, ser agressivo, atacar com tudo, não cometer erros.
É esta última coisa -
NÃO COMETER ERROS - que entra no caminho das outras boas instruções que você se
deu, não?
Sim. Acho que isso
acaba tapando todas as outras coisas boas.
Então vamos manter em
mente que como mencionou, na universidade você não se preocupava tanto após
cometer um erro pois o apoio de seus colegas de equipe, e treinadores, faziam
com que tudo fosse divertido. Eu acho que isso é grande parte do que fazem as
coisas serem diferente para você agora. Tirando montanhas russas, é
literalmente impossível ter a experiência de MEDO e DIVERSÃO ao mesmo tempo. Um
sempre anula o outro.
Pois é, realmente é
verdade.
Quando chega no ponto
desse embate entre MEDO e DIVERSÃO, me diga como completarias a seguinte frase:
"Eu posso até
cometer um erro (como atacar a bola na rede ou para fora), mas
_________________."
"mas eu estou
aqui para me divertir" ?
Eu percebi que colocou
um ponto de interrogação no final, que me leva a perguntar, quando você se
escuta dizer "Eu posso até cometer um erro, mas estou aqui para me
divertir", quanta convicção lhe dá ao escutar, e sentir, suas próprias
palavras (em um percentual de que vai de 0% até 100% de convicção)? Quanto mais
convicção, maior é o impacto que essas palavras terão em você.
Eu acho que 85%. Eu
quero me divertir, mas também quero ter uma carreira de sucesso.
Eu lhe pergunto isso
pois quanto maior for a sua convicção, maior será a probabilidade de você se
ajudar a transformar pensamentos de medo em pensamentos focados no
momento.
Traduzido por Otávio Souza (de Florianopols, jogou vôlei na Brigham
Young University (EUA), onde ele é agora um comentarista esportivo fazendo a
cobertura de esportes da BYU idioma Português.)